terça-feira, 1 de julho de 2014

"O modelo dos modelos"

Porque um modelo? Modelo, onde todos possam se encaixar? Podendo, somente, estar dentro dos parâmetros estabelecidos pelo modelo? Nada fora da linha, tudo perfeito?  Para Italo Calvino em “O modelo dos modelos” onde fala sobre um modelo perfeito, onde tudo se encaixa e se não houvesse a coincidência entre as partes, eram corrigidas.
 Assim, como quando chega um sujeito com deficiência, onde se parte a observar as partes sem ver o todo. Quando só há a visão do que o indivíduo não consegue realizar e não no que pode oferecer.
E quando o senhor Palomar, segundo Calvino, foi modificando as regras, criando modelos e mais modelos, para que a adaptação em um deles fosse possível. Chegando ao ponto de apagar todos os modelos e também os modelos dos modelos.  Levando ao entendimento que não se pode partir de um modelo pré-establecido, de uma fórmula pronta para o estudo e construção de um trabalho científico. Quando se estuda o atendimento especializado em que há uma gama de especificidades, precisa-se partir do que o sujeito tem a oferecer, antes de deter na deficiência e na incapacidade.

O sujeito é o ser autônomo de sua aprendizagem e tem o direito de contribuir com o que é capaz de realizar. 

domingo, 8 de junho de 2014

SCALA - Sistema de Comunicação Alternativa para o Letramento de pessoas com Autismo





 A CAA – Comunicação Aumentativa Alternativa - promove por meio de símbolos, recursos, técnicas e estratégias um suporte parcial ou total à comunicação de sujeitos que apresentem déficits de comunicação dos mais variados. Podendo assumir diversas formas: pranchas de comunicação, pranchas alfabéticas e de palavras, vocalizadores ou o próprio computador.   O uso de um sistema de comunicação alternativa deve ser baseado nas necessidades do sujeito que apresenta déficit de comunicação, de maneira personalizada, conforme Sartoretto e Berch (2013).


SCALA (Sistema de Comunicação Alternativa para letramento de pessoas com autismo) é um recurso desenvolvido para o apoio de pessoas. Possui um módulo para a construção de pranchas de comunicação e um de narrativas visuais para construção de histórias.


Figura: Representação visual dispositivo móvel – prancha
Descrição: A imagem apresenta a esquerda categoria de imagens clicáveis. Na parte superior quatro nuvem clicáveis a primeira leva ao módulo pranchas, a segunda ao módulo narrativas visuais, a terceira, ao protótipo do comunicador livre e a quarta aos créditos. Na parte superior direita há a figura do logotipo do SCALA. Na parte central há uma tabela com diversas células com imagens. Na parte inferior está as funcionalidades, que são imagens clicáveis.

O módulo prancha possui as seguintes funcionalidades:
·         Abrir: abre uma prancha salva anteriormente.
·         Salvar: salva a prancha ou história atual, para ser posteriormente utilizada.
·         Desfazer: desfaz a última operação realizada.
·         Importar: importa uma imagem da galeria de imagens para a Categoria “Minhas Imagens”.
·         Exportar: salva a prancha ou história como arquivo de imagem.
·         Layout: dá cinco opções de layout para criação de pranchas ou histórias simples ou mais complexas, conforme a necessidade de uso.
·         Limpar: limpa todo o conteúdo da prancha ou história aberta.
·         Imprimir: dá a opção da impressão da prancha.
·         Visualizar: mostra a prancha de forma mais ampla, e possibilita a  reprodução sonora.
·         Ajuda: apresenta um tutorial objetivo de todas as funcionalidades do módulo.
A composição das imagens no SCALA tem as seguintes categorias: Pessoas, Objetos, Natureza, Ações, Alimentos, Sentimentos, Qualidades e Minhas Imagens.

                           
Figura: Layout módulo narrativas visuais web
Descrição: A imagem apresenta a parte superior quatro nuvem clicáveis a primeira leva ao módulo pranchas, a segunda ao módulo narrativas visuais, a terceira, ao protótipo do comunicador livre e a quarta aos créditos. Na parte superior direita há a figura do logotipo do SCALA. Na parte central há uma tabela com três células com imagens que compõem uma história em quadrinhos. Na parte inferior está as funcionalidades, que são imagens clicáveis: abrir, salvar, importar, imprimir, layouts, visualizar, lixeira, tutorial e sair.

O módulo de narrativas visuais possui funcionalidades comuns ao módulo prancha como: abrir, salvar, imprimir, importar, layouts, visualizar, deletar e ajuda. A complexidade varia conforme as potencialidades e necessidades do usuário, quanto aos layouts. A complexidade vai aumentando ou diminuindo de acordo com as potencialidades e necessidades do usuário. Há na tela um espaço em branco para a inserção de imagens e possibilita sua edição, podem ser sobrepostas, aumentadas ou diminuídas de tamanho, excluídas ou invertidas. Existe uma categoria que possibilita a inclusão de balões de conversação, onde é possível a escrita de pequenos diálogos. A história pode ser gravada e pode ser reproduzida por um sintetizador de voz.


Essa imagem apresenta o modo de edição do SCALA.
Figura 6: Layout módulo narrativas visuais web – edição
Descrição: A imagem apresenta do lado esquerdo as categorias de imagens: balões de conversação, pessoas, objetos, natureza, ações, alimentos, sentimentos, qualidades e minhas imagens. Na parte superior direita há a figura do logotipo do SCALA. Na parte central superior, há dois botões clicáveis: alterar e cancelar, ao lado uma barra retangular, para a digitação da história. Na central há a representação de uma história, com cenário numa cozinha. Numa mesa estão dispostos diversos alimentos. Ao lado há a imagem de uma mulher com duas crianças. Sobre a mulher há um balão de conversação escrito: vamos comer? Na parte inferior esta a barra de funcionalidades: terminado, fechar, voltar, cenário, reproduzir som, importar, aumentar/diminuir imagem, colocar imagem para frente ou para trás, rotacionar, espelhar e lixeira.
Os recursos disponibilizados no texto podem ser utilizados diretamente com o aluno e com sua turma. Além de proporcionar a produção de materiais.
O módulo, história, por exemplo, usa além dos requisitos comuns ao módulo, prancha, outros como: carregar cenário; rotacionar imagem; animar história. Através deste recurso o aluno poderá criar uma história, com um cenário, que poderá ser da cor que escolher; podendo diminuir ou aumentar imagem; enviar imagem para frente ou para trás; além de poder usar qualquer sistema operacional e ter a confiança de que o que criou não será perdido, pois caso ocorram falhas é possível reestabelecer seu funcionamento.
Os atores da história poderão ser os próprios alunos, que irão interagir com o sistema. Facilitando o acesso de todos, principalmente os sujeitos com déficits na comunicação oral.

Referências:
BEZ, Maria Rosangela e PASEERINO, Liliana Maria. Scala 2.0: software de comunicação alternativa para web. Em:file:///C:/Users/Professor/Downloads/Tema_15.pdf ,  07/062014.
Hagáquê - http://www.ticsnaeducacao.com.br/index.php?id=10982 (nesse site podem ser encontrados diversos outros softwares educativos).
Penta3 UFRGS - http://penta3.ufrgs.br/tutoriais/ (possui diversos tutorias de softwares que podem nos apoiar no desenvolvimento de atividades).
SCALA – http://scala.ufrgs.br/siteScala/projetoScala/?q=content/material (nesse site encontrará além de diversos tutoriais de softwares, link que levam a diversas pesquisas).

SARTORETTO, Mara Lúcia e BERSC, Rita. 2013.

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Surdocegueira e Deficiência Múltipla



 

 

 

Surdocegueira

 

A surdocegueira é uma terminologia adotada no mundo para se referir a pessoas com perdas visuais e auditivas concomitantes e em graus diferentes.  É uma condição que tem suas dificuldades multiplicadas, além do que somente a cegueira e a surdez causam.

  • Surdocego total: ausência total de visão e audição.
  • Surdocego com surdez profunda associada com resíduo visual.
  • Surdocego com surdez moderada associada com resíduo visual.
  • Surdocego com surdez moderada ou leve com cegueira.
  • Surdocego com perdas leves, tanto auditivas quanto visuais.

 

Os indivíduos com Surdocegueira podem ser divididos de acordo com Mc Innes (apud Bosco, Mesquita e Maia, 2010):

Indivíduos que eram cegos e ficaram surdos;

Indivíduos que eram surdos e ficam cegos;

Indivíduos que se tornaram surdocegos;

Indivíduos que nasceram ou adquiriram surdocegueira de forma precoce. Não foram oportunizados a desenvolverem a linguagem, a comunicação e o conhecimento, para poderem construir a compreensão de mundo.

A surdocegueira congênita, quando a criança nasce surdocega ou adquire nos primeiros anos de vida.

A surdocegueira adquirida:

Os indivíduos com surdocegueira tem dificuldade de observar, imitar e compreender o comportamento dos seus familiares, pois tem perdas visuais e auditivas combinadas que dificultam as primeiras aprendizagens do ser humano, segundo Mc Innes (1999).

           O estabelecimento do contato de “mão sob mão”(o educador coloca sua mão em baixo do seu aluno de maneira a orientar o movimento) é uma estratégia de comunicação com a criança com surdocegueira.

 

Os sentidos remanescentes devem ser estimulados, pois muitas vezes as perdas são parciais ou totais, fazendo com que a informação venha entrecortada ou sem nexo. Alguém tem que mediar e trazer a informação completa, para evitar que a pessoa com surdocegueira fique intimidada e se retraia por não conseguir entender.

Uma criança que não tiver uma comunicação estabelecida de forma efetiva, ao se tornar jovem ou adulto poderá ter comportamentos inadequados ao se comunicar. Alguns comportamentos podem ser manifestados como: balanceio, mexer os dedos na frente dos olhos, repetição de forma ritual de atividades especificas, movimentação continua ou olhar fixo para a luz.

 

 

Deficiência Múltipla

 

 

A deficiência múltipla é a associação de duas ou mais deficiências, no Brasil. Em outros países só é considerado deficiência múltipla se houver associação das deficiências com a deficiência mental.

A característica que determina a necessidade educacional da pessoa com deficiência múltipla é o nível de desenvolvimento, possibilidades funcionais, interação social,comunicação, potencialidades, aprendizagem e não a soma das deficiências em si.

A deficiência múltipla se manifesta de maneira a envolver algumas das seguintes dimensões:

 

Física e psíquica

  • Deficiência Física associada à deficiência intelectual.
  • Deficiência Física associada a Transtornos Globais do Desenvolvimento.

 

Sensorial e Psíquica

 

  • Deficiência Auditiva/surdez associada à Deficiência Intelectual.
  • Deficiência visual associada à Deficiência Intelectual
  • Deficiência Auditiva/ Surdez associada a Transtornos Globais do Desenvolvimento.
  • Deficiência Visual associada a Transtornos Globais do Desenvolvimento.

 

  Sensorial e Física:

 

  • Deficiência Auditiva/Surdez associada à Deficiência Física.
  • Deficiência Auditiva/Surdez associada à Paralisia Cerebral.
  • Deficiência Visual (cegueira ou baixa visão) associada à Deficiência Física.
  • Deficiência Visual (cegueira ou baixa visão) associada à Paralisia Cerebral.
               
    Física, Psíquica e Sensorial:
     
  • Deficiência física associada à deficiência visual (cegueira ou baixa visão) e a Deficiência Intelectual.
  • Deficiência física associada à Deficiência Auditiva/Surdez e a Deficiência Intelectual.
  • Deficiência visual (Cegueira e ou baixa visão), paralisia cerebral e Deficiência Intelectual.
     
    A Surdocegueira não é uma Deficiência Múltipla
     
    O indivíduo que nasce com surdocegueira ou que a adquire não recebe as informações que estão a sua volta de forma fidedigna, necessitando de mediação de comunicação para poder conhecer o que está ao seu redor e interpretar de forma correta.
    O conhecimento do sujeito  do mundo de dá pelo uso dos canais sensoriais proximais como: olfato, tato, cinestésico, proprioceptivo e vestibular.
    Já na Deficiência Múltipla nem sempre as informações chegam para a pessoa de forma fidedigna, mas sempre terá o apoio de canais como visão e audição, que serão pontos de referência e responsáveis pela maioria dos conhecimentos adquiridos pelo sujeito por toda a sua vida.
     
    A comunicação com pessoas com Surdocegueira e Deficiência Múltipla:
     
    A eficiência da comunicação e interpretação para as pessoas com Surdocegueira e/ou Deficiência múltipla pode ser dividida em Receptiva e Expressiva.
     
    Comunicação receptiva: quando a pessoa recebe e processa a informação das por meio de uma fonte e forma (escrita, fala, Libras...). a pessoa recebe informações por meio de outra pessoa, do rádio, da televisão, da internet, de objetos,  de figuras, de fotos etc...
    A comunicação receptiva requer que o indivíduo ao receber a informação forme uma interpretação que seja equivalente com a mensagem de quem enviou tentou passar
     
    Comunicação expressiva: necessita que um comunicador a, figuras passe a informação para outra pessoa. A comunicação expressiva pode ser realizada por meio de uso de gestos, objetos, movimentos do corpo, fala, escrita, figuras...
     
     
    Referências:
     
    BOSCO, Ismênia Carolina Mota Gomes, MESQUITA, Sandra Regina Stanziani Higino , MAIA, Shirley Rodrigues. A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão escolar: surdocegueira e deficiência múltipla. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial; [ Fortaleza] : Universidade Federal do Ceará, 2010.
     
    MAIA, Shirley Rodrigues. Aspectos importantes para saber sobre Surdocegueira e Deficiência múltipla. São Paulo, 2011.
     
    ROSSI, Fernanda Lima Cro. Unidade IV – Práticas Educacionais Inclusivas – Deficiência Múltipla. 2010. UFU. MG.